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Empatia gera calma

Empatia gera calma

12th December 2023

Mostrar Empatia gera um sentimento de calma

A Empatia pode ser um meio poderoso de auxiliar no processo de reparação e mudar por completa a vida de uma criança que passou por traumas e tem dificuldades de apego.

Margot Sunderland Psicoterapeuta infantil, defende que a escuta empática tem um impacto curativo no cérebro e na mente. Leva a um bom tónus ​​vagal, acalma a frequência cardíaca e é um precioso apoio no controlo emocional. Quando uma criança é regulada emocionalmente, a medula no cérebro também se acalma e a resposta ao trauma é diminuída. O tónus ​​vagal é um processo interno do corpo que envolve o nervo vagal, que se origina na parte medular do cérebro que é uma componente chave do sistema nervoso que influencia o nosso coração, pulmões e digestão. Um aumento no tónus ​​vagal desacelera o coração. Portanto, isso significa que a empatia de um adulto para com uma criança vai ajudar a criar um bom tom vagal e, assim, ajudar a criança a se acalmar e a regular-se emocionalmente. Há muitas crianças que podemos ajudar desta forma, simplesmente respondendo-lhes de uma maneira diferente, sintonizada e com uma empatia tranquilizadora.

A Dra. Margot Sunderland referiu-se muitas vezes às formas de apego que as crianças podem demonstrar, dependendo de suas experiências anteriores e do trauma que possam ter tido. O trauma em bebé ou numa fase inicial da infância, pode afetar o desenvolvimento do cérebro e das emoções. E todos os comportamentos se tornam compreensíveis no contexto do que aconteceu especificamente na vida de uma determinada criança.

Num momento de emoção intensa, uma criança que é respondida com empatia, que se sente ouvida e obtém respostas que validam as suas emoções, sentir-se-á contida e será ajudada a acalmar-se e a tranquilizar-se. Muitas vezes, espera-se que as crianças estejam no controlo completo da sua regulação emocional, mas quando algo aciona esta parte da amígdala do cérebro por causa de uma experiência traumática passada, não há razão ou racionalização que permita uma regulação adequada. Não há capacidade para se regular naquele momento e existe apenas uma enorme e forte onda de emoções que têm de ser expressas a qualquer custo.

A Dra. Margot Sunderland recomenda que as escolas (e eu acrescentaria todos os ambientes) devem ajudar a construir o “self” da criança. Se pudermos ajudar as crianças a serem agentes da sua regulação emocional, elas poderão acalmar-se com mais facilidade e as emoções fortes serem diminuídas ou pelo menos mais controladas.

Também podemos ajudar a apoiar as crianças a aprenderem novas respostas alternativas, novas estratégias de combate ao stress ou à ansiedade que sentem, dando-lhes outras opções para estimular as endorfinas que as ajudarão a sentirem-se bem. Exemplos simples como correr, estar ao ar livre num espaço verde e ouvir música podem induzir a oxitocina, que é um fator para nos possamos sentir bem e uma excelente alternativa para uma resposta a momentos mais ansiogénicos ou angustiantes.

Na Associação Crescer com Amigos apoiamos crianças entre os 6 e os 12 anos, integradas em escolas de 1º e 2º ciclo, que enfrentam dificuldades sociais, emocionais e comportamentais que afetam a sua aprendizagem.  Como funciona este projeto? Voluntários formados como coaches vão semanalmente às escolas para ajudar cada uma destas crianças a refletir sobre as suas experiências, a desenvolver mais responsabilidade, apoiando-a nos seus desafios na escola e em casa. É a atenção focalizada que muitas não têm que começa por fazer a diferença. Depois, há um processo de coaching que as ajuda a lidar com o seu presente e a preparar melhor o seu futuro.

Acreditamos que o coaching de um para um pode fazer toda a diferença na vida de uma criança.

A hora de coaching está dividida em duas partes: a criação de um projeto prático (durante 40 minutos), onde há espaço para brincar, mas também para se contruir uma relação de confiança com o coach. E nos últimos 20 minutos são trabalhadas questões emocionais, comportamentais e/ou relacionais da criança, elaborando-se um diário, objetivos e estratégias práticas para o seu dia-a-dia.

O coach estabelece também relação com a família da criança, de modo a apoiar, valorizar e promover o seu envolvimento na vida escolar da criança, desenvolvendo mais competências educativas, assim como um maior sentimento de valorização da escola.

Crianças com infâncias traumáticas e disfuncionais ou dificuldades emocionais/comportamentais geralmente recorrem a uma linguagem de mágoa, dor, perda e desconfiança. Precisamos colocar por completo os nossos preconceitos de lado e sermos receptivos à comunicação destas crianças. Só então podemos entender verdadeiramente as suas necessidades e fazer a diferença. Desejamos estabelecer relações estáveis e sintonizarmo-nos com as crianças, providenciando uma resposta empática que as ajude ao longo da sua jornada e as encha de esperança no futuro.

Neste Natal aproveita para pensar e colocar em prática a Empatia.

Junta-te à CCA e ajuda-nos a levar a Esperança a mais crianças!

Equipa CCA

Equipa CCA

Dina Santana; Marisa Bossa; Rute Cunha; Sarah Moura

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