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Era uma vez… uma carta

Era uma vez… uma carta

20th December 2022

Era uma vez, há 20 anos, uma menina que escreveu uma carta a um Pai que não era Natal. Pediu-Lhe Amigos que a fizessem crescer. Não em centímetros, literalmente, mas em profundidade. Amigos que a levassem mais longe e ao mesmo tempo a puxassem para o mais íntimo do para quê de ter nascido.

Como uma oração, a menina escrevia: “eu dava tudo para um dia encontrar amigos como se encontra o Natal. Quero desembrulhar amigos que me consigam explicar o verdadeiro significado do Natal porque o vivem todos os dias!

No fundo, o que ela desejava era ter amigos que lhe acendessem uma Luz que nunca mais se apagasse. Amigos que lhe apontassem o caminho estreito da Esperança. Amigos que a educassem para a empatia e para a inclusão. Amigos que a lembrassem constantemente o quão amada é, independentemente das diferenças, dificuldades ou circunstâncias. Ela só queria amigos que a fizessem crescer!

A menina escrevia sempre tudo e muito, não porque tinha medo de se esquecer das coisas, mas porque acreditava que as suas palavras tinham um poder ainda maior quando ela as registava no papel. Ela acreditava que se as dissesse apenas em voz alta o vento podia perde-las. Se as escrevesse, tinha a certeza de que chegariam ao seu destino, e de que nunca voltariam para trás vazias. A menina sabia que um dia as suas palavras viriam de mãos dadas com um amigo. Ela acreditava com todas as suas forças que a mudança das pessoas só vem através da relação.

O crescimento vem a partir dos amigos que nos encorajam, mas que nos corrigem. Dos amigos que estão ao nosso lado, mas que não nos dizem “sim” a tudo. Dos amigos que intervém e nos ajudam, nos esticam, nos desarrumam, para voltar a arrumar, nos questionam e tanto nos obrigam a parar como nos dão corda aos sapatos.

Dos amigos que não têm medo de nos ensinar, em qualquer idade. Dos amigos que não têm vergonha de nos fazer rir, até de nós, e riem connosco.

Os amigos que nos fazem crescer são os que nos dizem sempre a verdade, doa o que doer. São os amigos que são Mesa, em qualquer lugar, que nos prepara para todos os palcos da sociedade. São esses amigos que iluminam as noites mais escuras e nos prometem que a alegria vem sempre pela manhã.

A menina, sem nunca o ter experimentado, sabia que os amigos que a iam fazer crescer seriam aqueles que são os embaixadores da paz que excede todo o entendimento. Os amigos que são a Música, capaz de calar o ruído dos dias. Os amigos que são a Casa, onde sentimos que sempre estiveram à nossa espera, mas também de onde nos enviam para os outros. Os amigos que permanecem e para onde sabemos que podemos regressar.

Crescer com amigos, e amigos que nos façam crescer, é por isto tudo, um dos mais bonitos presentes de Natal que qualquer um de nós, criança ou não, pode pedir.

Aquela menina... sou eu. E os amigos que eu pedi, estão hoje aqui, tanto neste palco, como na plateia. 

A resposta visível à minha Carta é também este Natal com Significado, porque ao longo do tempo fui sendo procurada e encontrada. Quanto ao meu “crescimento” vamos todos acreditar que o poeta tinha razão: “Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura”.

Aquilo que eu vejo por causa desta noite é que, se todos nós não nos cansarmos defazer o bem, as nossas crianças têm um futuro!

- Mafalda Ribeiro


Natal com Significado | Concerto


Mafalda Ribeiro

Mafalda Ribeiro

Há 39 anos que é uma ode às improbabilidades. Autora, palestrante e consultora de diversidade & inclusão. Mulher de fé sem limites, “ossos de vidro” em 97cm de pessoa e feliz sobre rodas.

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